Sinhá - Mestre Charme - Abadá capoeira.


Sinhá, ô sinhá 
Deixa eu ir pra capoeira 
Ooô, deixa ir pra capoeira

Sinhá, ô sinhá 
Deixa eu ir pra capoeira 
Ooô, deixa ir pra capoeira

Vento soprou dentro do canavial
De longe eu ouço o som do berimbau
Que vai na alma invadindo o coração
Levando as mágoas do tempo da escravidão

Dia sofrido no açoite do feitor
Sou castigado para poder trabalhar
A noite vem e o nego sai na mata afora

De longe ouço lamentos pelo ar
Que é cantiga faz meu corpo arrepiar
Ô deixa eu ir meu senhor, oi deixa eu ir minha sinha
Que hoje eu quero minha alma libertar

De sol a sol o corpo queima sem parar
É uma peleja que o negro tem que passar
Ô me de força meu Deus para a fé não me faltar
Que hoje eu quero é fugir do canavial
Na espera de uma roda pra poder vadiar

Sou Capoeira

O meu gunga chora, o meu gunga chora
O meu gunga chora, Waldemar porque foi embora?
Waldemar da Paixão
Dificil de não se lembrar
Mas quando você foi embora
que o meu gunga você fez chorar
Quantas vezes da Liberdade
eu ia só pra jogar
É pra ver Waldemar cantando
foi o seu gunga vozeiro tocar
Quando tocava seu gunga
fazia a roda estremecer
Cantava uma ladainha
E mandava um recado à você
Um mar de tristeza
da avenida Peixe à igreja do Bonfim
Terra do acarajé, dendê
ainda tá pra nascer um tocador assim

Sem capoeira eu não posso viver. - Mestrando Charme - Abadá capoeira.

Sem capoeira eu não posso viver
Sou peixe fora do mar
Passarinho sem voar
Dia sem escurecer

Mas mesmo rastejando
Vou agacho para jogar
Peço ao berimbau que toca
E a Deus para me olhar

Posso ficar sem comer
Nem água eu beberei
Sem capoeira não fico
Porquê se não eu morrerei

Peixe tora da água morre
O día tem que escurecer
E eu sem a capoeira
Não sei o que fazer

Passarinho sem voar
E eu sem minha capoeira
Passarinho bateu asa
Eu fiqueí nessa tristeza